quinta-feira, 26 de abril de 2012

Do salto-alto às travas

           O futebol feminino começou num contexto de muito preconceito, tanto por parte religiosa quando por machismo. Com a ascendência da mulher no mercado de trabalho, na conquista de seus direitos e na igualdade deles, foi que o futebol feminino nasceu. Com os homens em guerra (1ª Guerra Mundial), foram elas que ingressaram nas grandes indústrias, e como qualquer funcionário, confraternizaram jogando futebol.          
            Hoje as mulheres representam cerca de 10% dos futebolistas no mundo, totalizando 26 milhões. No Brasil, já são 80.000 mulheres.

             Em 1996 o futebol feminino foi incluído como categoria nas Olimpíadas.       
           
O Brasil ficou com o quarto lugar, a mesma colocação que obteve nas Olimpíadas de Sydney, em 2000. Em 2003, sob o comando do técnico Paulo Gonçalves, as meninas conquistaram a medalha de ouro nos Jogos Panamericanos e também o tetracampeonato sul-americano. A seleção brasileira conquistou a medalha de ouro do torneio de futebol feminino dos XV Jogos Pan-Americanos Rio-2007.  
             O primeiro time de futebol feminino foi o Aragui Atlético Clube (Minas Gerais) que em meados de 1958, selecionou 22 meninas para um jogo beneficente. O sucesso desta partida foi grande que pode ser considerado o ponto de partida para o futebol feminino do Brasil. 
           
              Nos dias de hoje, quase todos os times brasileiros apresentam time feminino, de base a profissional. As meninas clamam e que sejam ouvidas: Que valorizem mais o esporte!





  “Não tem uma que salva”  
 Diz Bárbara Lima, jogadora de futebol, sobre as frases preconceituosas que escuta regularmente.   
            A atleta, desde os seus 6 anos, pratica o esporte. Bárbara Lima é mais uma de muitas meninas que amam o futebol. Já jogou nos clubes paulistanos Portuguesa, Corinthians e atualmente está representando o Palmeiras.
            Na entrevista abaixo, ela relata como conseguiu juntar a educação com o esporte e suas realizações pessoais, driblando todo o preconceito e falta de infra-estrutura presente em seu cotidiano.

Quando começou a jogar bola?   
Com seis anos, quando eu estudava na Escola Paulista , joguei no time mais nada muito profissional, era bem fraquinho mesmo. Joguei também no Chute Inicial com meninos.
Quando sua carreira começou, de fato?
Começou em 2009, no Sport Clube Corinthians Paulista. Eu jogava na base e não era bem visto pela “mídia” e pessoas importantes do ramo, mas já deu para conhecer pessoas influentes que me levariam para clubes maiores. Comecei a me desenvolver mais lá, joguei no sub 17 com 13 anos, e joguei também com profissionais do Corinthians no campo.
Depois fui fazer um teste na Portuguesa e descobri o verdadeiro futsal. O negócio era completamente diferente, mais profissional, treinos fortes, campeonatos fortes, e as melhores conquistas. Conheci pessoas novas e criei grandes amizades. Elas estudavam em um Colégio "Progresso centro” tinham bolsa de esporte e tentei isso também, com a indicação delas. Eu passei, ganhei bolsa de 100%, neste ano, foi o ano que ele [o colégio] entrou para a federação, e passou de time de escola pra clube, usando o nome de Mult-força /Progresso
Por todas essas políticas, tivemos que sair da Lusa e ela passou a ser nossa principal rival. Ano passado (2011) ganhamos a vaga para a Taça Brasil [campeonato] de 2012, em Recife, e com isso ganhamos o patrocínio do Palmeiras.

Você acha que o futebol feminino evoluiu durante esses anos todos?
Acho sim, tem muitas pessoas que trabalham pra que dê certo, mesmo sem ganhar nada e pensando que vai valer a pena. A prefeitura deu mais importância e reconheceu o trabalho, acho que melhorou na infra-estrutura. Mais ainda precisa de apoio da mídia.

E quanto à infra-estrutura dos clubes, ginásios, vestiários, campeonatos e viagens?Os clubes estão até que bom, pois o masculino também usa. Os vestiários também são usados pelo time masculino, as viagens estão bem organizadas. Já os campeonatos, não são vistos, não tem um documentário na TV, ninguém cobre os jogos, falam de time masculino da 4ª divisão e não falam de jeito nenhum do feminino.
Quais os campeonatos que você participou?Federação Paulista – Metropolitano, Virada Cultural - Centro Olímpico, Taça Brasi e Jeesp

Você já sofreu preconceito por praticar um esporte considerado masculino?Sim, diariamente! Não podemos transmitis amor de amizade, pelo fato de jogar futebol, fazer coisas iguais do que as meninas da ginástica fazem, por exemplo.

Alguém já te ofendeu ou foi indelicado com você?
Nunca diretamente, mais algumas já deixaram a entender. Falando frases preconceituosas do tipo: Quem joga futebol é tudo lesbica, Não tem uma que salva [questão de beleza].

E por fim, que recado você deixa para as meninas que também gostam muito de futebol?Não deixe que ninguém diga que você não pode  ou que você não vai conseguir.Lute pelo seus sonhos , e abra caminho com eles. Existirão altos e baixos , mais sem luta não ha glórias, tudo que nós conquistamos fácil vai fácil. Então lute, ganhe na raça, e que seja difícil, para durar a vida inteira!




LAURA L.P.L

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